O motivo pelo qual estou tão empenhado em quebrar as barreiras linguísticas vem de mais do que apenas as demandas da minha função de gerenciamento de produtos em Tóquio, onde muitas vezes me via preenchendo a lacuna de comunicação entre as equipes de vendas japonesas e os engenheiros que falam inglês. É uma missão profundamente enraizada no que pode ser descrito como trauma de infância.
Eu nasci em Kaohsiung, Taiwan, fazendo do mandarim minha primeira língua. No entanto, logo após o nascimento, mudei-me para o Japão, onde o japonês rapidamente se tornou meu idioma padrão. Quando criança, não consigo me lembrar dos meus sentimentos sobre essa mudança precoce de idioma, mas provavelmente ela lançou as bases para os desafios que eu enfrentaria.
Minha verdadeira luta contra as barreiras linguísticas começou quando frequentei o ensino fundamental na Califórnia. Sem nenhum conhecimento de inglês, eu me vi incapaz de me comunicar com ninguém. Ser o único estudante asiático ampliou meu isolamento. Passei a maior parte das aulas dormindo, sem entender nada, sem amigos e sozinha até que minha mãe veio me buscar.
Voltando ao Japão, descobri que minha personalidade havia se transformado. A individualidade e a liberdade de pensamento que eu havia absorvido nos EUA se chocavam com as normas culturais japonesas. Isso fez com que eu fosse condenado ao ostracismo e intimidado, não apenas por colegas de classe, mas também por professores. Sem amigos que compartilhassem minha origem mestiça e minha mentalidade ocidental, e com os dois pais ocupados trabalhando, fiquei totalmente sozinha.
Minha jornada continuou no Reino Unido durante o ensino médio e a universidade, exigindo outro ajuste — desta vez ao inglês e à cultura britânica, que diferiam significativamente do que eu havia vivenciado nos EUA. Esse período de transição foi desafiador, mas acabei encontrando consolo entre estudantes internacionais que compartilhavam meus sentimentos de deslocamento cultural e insegurança quanto à pertença.
Por meio dessas experiências, percebi a profunda negatividade das barreiras linguísticas. Eles promovem isolamento, mal-entendidos e falta de comunicação, que podem se transformar em discriminação e racismo, o que leva ao total desânimo do que fazemos ou mesmo de viver. Eu suportei a dor e a luta associadas a essas barreiras por quase três décadas.
Então, por que me importo tanto em quebrar a barreira do idioma? A resposta está na dor que suportei ao longo da minha vida, um esforço incansável para garantir que outras pessoas não tenham que enfrentar as mesmas dificuldades que eu enfrentei.